domingo, 16 de dezembro de 2012

Livro de um capítulo só - Inquietude

23:29
23:30
23:31
23:32
23:33
Quatro minutos que fiquei pensando o que escrever para explicar minha inquietação
Na verdade, esses 4 minutos pareceram dias inteiros... dia, noite, sol, chuva, calor, frio
Nestes 4 minutos eu passeei pela minha fértil mente.
Unhas eu já não tenho mais, minhas pernas balançam como se eu esperasse por uma sentença de um juiz que diz  "assalto-seguido de estupro - seguido de morte - ocultação de cadáver " Parece que quando vai bater o martelo, tudo volta do começo. Não tem fim, é um julgamento interior eterno. 

Uma música do "chatonildo" Chico Buarque assola minha cabeça e ela diz "e por sonhar o impossível, sonhei que tu me querias"

Não tenho vontade de sair de casa pra trabalhar, de me exercitar, de sair pra me divertir. Todo mundo fala que isso faz mal, que faça. 

Há 3 meses eu acordo todos os dias às 4:35 da manhã em ponto de um sonho estranho. O mesmo sonho de sempre. Eu sozinho em um banco de uma praça, em um dia cinza e frio, com folhas caídas no chão. Eu vejo meus conhecidos, meus amigos, minha família passando por mim sem que soubessem que eu sou. Eu finjo dar um "olá" e um sorriso, mas parece que todos têm medo de mim e querem se afastar. Só ela se aproximava, sentava do meu lado e pedia perdão por ter me causado tão mal. O sorriso dela era o mais branco que eu já tinha visto, mais pareciam marfins polidos. Ela puxava uma carta, tinha minha letra. Ela me dava, mas minha vista ficava turva e não conseguia ler tudo que estava escrito. A única coisa que eu conseguia ler era "daquele que te ama e que nunca vai te esquecer". Quando me viro, ela já foi embora, eu só conseguia enxergar sua silhueta às sombras e quando levantava pra correr atrás dela, desesperado, acordava do sonho. 

Fiquei pensando outro dia, até dar a hora de ir trabalhar, se eu vou ser sozinho e é um sinal para que eu mude meu jeito. Não, não pode ser. Coisa da minha cabeça. Seja lá o que for, daqui a pouco muitos de vocês passarão por mim e ela vai sentar do meu lado por alguns instantes, vai acariciar meu braço e vai me dar a maldita carta. Vai embora sem que eu possa me despedir. Acordado e agoniado eu digo sem que alguém possa ouvir "Até amanhã".




Nenhum comentário:

Postar um comentário